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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Supercâmera lenta grava imagens raras de raios ascendentes em SP

A olho nu a imagem apareceria apenas um flash. Em vez de vir da nuvem, descarga elétrica sai de estruturas metálicas em lugares altos.





São os chamados raios ascendentes, produzidos, geralmente, por estruturas metálicas que ficam em lugares muito altos, um fenômeno que tem a ver com a urbanização.
Pesquisadores brasileiros já registraram quase cem vezes esse fenômeno no ponto mais alto de São Paulo.
Você já deve ter visto algumas vezes cenas de tempestades e raios. Afinal, o Brasil é o país onde mais caem raios no mundo. São mais de 50 milhões de descargas elétricas por ano.
O registro de um raio ascendente é uma imagem rara feita com a ajuda de uma supercâmera lenta pelo grupo de eletricidade atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe. A olho nu, pareceria apenas um flash.
“Ao contrário da maioria, eles sobem, não descem. São poucos os que sobem porque, para subir, ele precisa partir de uma estrutura alta. Torres de telecomunicações, prédio arranha-céus ou mesmo torres de transmissão de energia”, explica o pesquisador do Inpe Marcelo Saba.
“A descarga, em vez de vir da nuvem, sai da ponta de estruturas. Ela produz raio para cima, “ completa.
Para que isso aconteça, é preciso que, durante a tempestade, haja uma perturbação dentro das nuvens, criando um excesso de cargas negativas. Esse excesso vai atrair as cargas positivas das estruturas. Ora diretamente, ora através dos raios que caem por perto.
Para estudar esse tipo de fenômeno, os pesquisadores do Inpe escolheram um lugar alto.
O pico do Jaraguá, o ponto mais alto da cidade de São Paulo, tem 1135 metros do nível do mar. Uma torre ali é o principal ponto de observação e registro dos raios ascendentes.
“Nós observamos um mapa da incidência de raios em São Paulo e vimos que o pico do Jaraguá havia uma ocorrência de raios bem maior. Então, nós viemosi, colocamos as nossas câmeras e começamos a observar a torre”, diz o pesquisador.
O estudo começou há cerca de três anos. De lá para cá, já foram registrados quase 90 raios ascendentes no local.
“Esses raios acontecem sempre no mesmo lugar. Então, o estresse que esses raios produzem nessas estruturas é muito maior que os raios descendentes”, diz.
Causa algum perigo para as pessoas?
“Se você está longe de uma estrutura alta, você está seguro”, conta Marcelo Saba.
Mas, quando ocorrem em torres transmissão de energia, por exemplo, podem até causar apagões.
“Os raios que descem, a gente chama de fenômeno natural. Os raios que sobem, eles não aconteceriam se o homem não tivesse colocado ali uma estrutura alta. E aí, bastou passar uma tempestade por cima para fazer esse raio acontecer”, afirma Marcelo Saba.
Fantástico: Então, é um fenômeno urbano?
Marcelo: É um fenômeno urbano.
Enquanto pesquisava os raios ascendentes, a equipe de cientistas brasileiros conseguiu um registro inédito, também com a ajuda da supercâmera lenta.
Na cena, raios normais caem das nuvens. Mas, antes de chegarem ao solo, outros dois saem de para-raios que estão em cima dos prédios e vão em direção a eles. São os chamados raios conectantes. Ao se encontrarem com os raios descendentes, tudo vira um risco de luz no céu até desaparecer. A imagem é linda e revela o funcionamento dos para-raios.
“O para-raio lança uma descarga em direção àquela que está descendo. Vem em direção à sua casa, o para-raios não fica esperando. Ele vai buscar esse raio, conectar com ele, trazer ele, a descarga, para o para-raio. Salva a casa, o edifício. É a primeira vez que a gente observa um para-raios atuando numa resolução de 20 mil imagens por segundo”.
E para registrar todos os tipos de raio, é preciso passar horas esperando por tempestades.
“Não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado. Véspera de ano novo já fiquei filmando. Já fiquei mais de 36 horas filmando direto”, conta o fotógrafo Benny Lie
E, no futuro, essa observação pode ajudar. “Talvez, as normas que nós utilizamos para nos proteger, o conhecimento que a gente tem para se proteger dos raios que descem não seja válido para os raios que sobem. Queremos conhecer para poder nos preparar contra eles”, finaliza o professor do Inpe.

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