SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Para raio atrai o raio ou não?

Por Jobson Modena
A idéia de se criar um captor ionizante com a utilização da radioatividade foi concebida originalmente em 1914 pelo físico húngaro J. B. Szillard, colaborador do casal de cientistas Pierre e Marie Curie.


Szillard ensaiou um captor Franklin contendo sal de rádio e constatou que quando esse dispositivo era colocado sob campo elétrico intenso, a corrente resultante era consideravelmente maior do que aquela medida utilizando-se um captor convencional. Este incremento de corrente, que criaria um caminho preferencial de atração para o raio, foi atribuído à ionização do ar provocada pelas partículas radioativas ali adicionadas. A forma proposta para obter o aumento da corrente elétrica foi, portanto, o conceito que incrementou várias iniciativas para fabricação dos captores providos com elementos radioativos.


Estes tipos de captores, utilizando Radium 226 ou Amerício 241, passaram a ser largamente utilizados em quase todo o mundo e chegaram ao Brasil nos anos 1970.


Com o passar do tempo, a maior eficácia em relação ao aumento do volume de proteção do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), quando utilizados captores radioativos em detrimento dos convencionais, não foi tecnicamente comprovada, contrariando, assim, o princípio da justificativa de sua aplicação: “qualquer atividade envolvendo exposição à radiação deve ser justificada em relação a alternativas a produzir um benefício líquido positivo para a sociedade”. Este foi, aliás, o motivo pelo qual desde 19 de abril de 1989, por meio de uma resolução emitida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), publicada no Diário Oficial da União de 09 de maio de 1989, foi proibida no Brasil a instalação de captores radioativos no SPDA, devendo os captores já instalados serem retirados em um prazo máximo de cinco anos.


Além da proibição legal, há a determinação da sessão 4.7 da ABNT NBR 5419:2005 para que qualquer SPDA que possua captores radioativos ou qualquer outro tipo de captor destinado a aumentar o volume de proteção do sistema seja retirado e redimensionado conforme um dos três métodos de captação até então normalizados.


Atenção, SPDA que possua captor radioativo é um Sistema ILEGAL de Proteção contra Descargas Atmosféricas. Similarmente, outros tipos de elementos captores que se comprometem a “atrair os raios” não estão normalizados no nosso país.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O que é o para raios radioativo?

O que é o pára raios radioativo?
Há alguns anos atrás foram fabricados grandes quantidades de pára-raios que continham fixados em suas estruturas pequenas quantidades do elemento radiotativo 241-Am (Amerício-241) emissor alfa com meia vida de 432 anos. O princípio original do pára-raios era ionizar o ar e provocar um canal de descida para o raio. Este princípio é questionável porque justamente as emissões alfa não são suficientes para provocar este fenômeno e este tipo de pára-raios deixou de ser fabricado. A própria poluição ambiental (por exemplo a poeira) já é um fator limitante do seu funcionamento.
Para indentificá-los basta observar que são diferentes dos pára-raios tradicionais que possuem 4 pontas. Os pára-raios radioativos normalmente possuem anéis redondos, onde está fixado o material radioativo.
 Meu imóvel possue pára-raios radioativo. O que devo fazer?
A Resolução 04/89 de 19/04/89 da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), publicada no D.O.U. em 05/05/89, proíbe a utilização de materiais radioativos para fabricação de novos pára-raios, mas não obriga a retirada ou desativação daqueles já instalados e que se encontrem em bom estado de conservação.
É interessante porém fazer uma vistoria anual da conservação do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas - SPDA. Tal inspeção deve ser feita por um profissional/empresa legalmente habilitado pelo CREA e a inspeção deve comprovar que as instalações estão em conformidade com a norma brasileira NBR 5419 de 2001.
Havendo necessidade de melhorias, deve-se aproveitar para retirar os pára-raios radioativos e encaminhá-los para o depósito de rejeitos radioativos do CNEN, seguindo as normas para o transporte de materiais radioativos, sob o ponto de vista de radioproteção.
Mais informações sobre o assunto podem ser obtidas no site do CNEN, www.cnen.gov.br.
Fonte: CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quando o SPDA é exigido?

O SPDA é exigido para estruturas especiais com riscos inerentes de explosão, tais como aquelas contendo gases ou líquidos inflamáveis requerem geralmente o mai alto nível de proteção contra descargas atmosféricas.
Para os demais tipo de estruturas deve ser feita uma avaliação de acordo com as critérios da Norma NBR 5419, mas em alguns casos a necessidade de proteção é evidente, como por exemplo:
a) locais de grande afluência de público;
b) locais que prestam serviços públicos essenciais;
c) área com alta densidade de descargas atmosféricas;
d) estruturas isoladas ou com altura superior a 25m;
e) estruturas de valor histórico ou cultural.

Fonte: Anexo B da NBR 5419:2001.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O que é SPDA e como deve ser feita sua implantação

A fim de se evitar falsas expectativas sobre o sistema de proteção, gostaríamos de fazer os seguintes esclarecimentos:
1 - A descarga elétrica atmosférica (raio) é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível e aleatório, tanto em relação às suas características elétricas (intensidade de corrente, tempo de duração, etc ), como em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações.
2 - Nada em termos práticos pode ser feito para se impedir a "queda" de uma descarga em determinada região. Não existe "atração" a longas distâncias, sendo os sistemas prioritariamente receptores. Assim sendo, as soluções internacionalmente aplicadas buscam tão somente minimizar os efeitos destruidores a partir da colocação de pontos preferenciais de captação e condução segura da descarga para a terra.
3- A implantação e manutenção de sistemas de proteção (pára-raios) é normalizada internacionalmente pela IEC (International Eletrotecnical Comission) e em cada país por entidades próprias como a ABNT (Brasil), NFPA (Estados Unidos) e BSI (Inglaterra).
4 - Somente os projetos elaborados com base em disposições destas normas podem assegurar uma instalação dita eficiente e confiável. Entretanto, esta eficiência nunca atingirá os 100 % estando, mesmo estas instalações, sujeitas a falhas de proteção. As mais comuns são a destruição de pequenos trechos do revestimento das fachadas de edifícios ou de quinas da edificação ou ainda de trechos de telhados.
5 - Não é função do sistema de pára-raios proteger equipamentos eletro-eletrônicos (comando de elevadores, interfones, portões eletrônicos, centrais telefônicas, subestações, etc ), pois mesmo uma descarga captada e conduzida a terra com segurança, produz forte interferência eletromagnética, capaz  de danificar estes equipamentos. Para sua proteção, deverá ser contratado um projeto adicional, específico para instalação de supressores de surto individuais (protetores de linha).
6 - Os sistemas implantados de acordo com a Norma , visam a proteção da estrutura das edificações contra as descargas que a atinjam de forma direta, tendo a NBR-5419 da ABNT como norma básica.
7 - É de fundamental importância que após a instalação haja uma manutenção periódica anual a fim de se garantir a confiabilidade do sistema. São também recomendadas vistorias preventivas após reformas que possam alterar o sistema e toda vez que a edificação for atingida por descarga direta.
O que é um raio
O raio é um fenômeno da natureza que desde os primórdios vem intrigando o homem, tanto pelo medo provocado pelo barulho, quanto pelos danos causados.
Para algumas civilizações primitivas o raio era uma dádiva dos deuses, pois com ele quase sempre vêm as chuvas e a abundância na lavoura. Para outras civilizações era considerado como um castigo e a pessoa que morria num acidente de raio , provavelmente havia irritado os Deuses sendo o castigo merecido. Havia também civilizações que glorificavam o defunto atingido por um raio, pois ele havia sido escolhido entre tantos seres humanos , com direito a funeral com honras especiais.
Após tantas civilizações o homem acabou descobrindo que o raio é um fenômeno de natureza elétrica e por isso deve ser conduzido o mais rapidamente possível para o solo, a fim de minimizar seus efeitos destrutivos.
O primeiro cientista a perceber que se tratava de um fenômeno elétrico foi Benjamin Franklin (1752), que na época afirmou que após a colocação de uma ponta metálica em cima de uma casa, esta atrairia  os raios para si e a edificação estaria protegida contra raios, caindo estes na ponta metálica. Após alguns anos, tomou conhecimento de edificações que tinham sido atingidas e o raio não haviacaído na ponta metálica. Assim sendo, reformulou sou teoria e afirmou que a ponta metálica seria o caminho mais seguro para levar o raio até o solo com segurança caso a ponta seja atingida por um raio. A partir daí começou-se a definir a região até onde esta ponta teria influência (séc. XVlll - Gay Lussac) e começou-se as esboçar os primeiros cones de proteção , cuja geratriz era função de um ângulo pré definido, resultando num cone com um raio de proteção.
Este ângulo foi reduzido com o passar dos anos e hoje é função do grau de exposição da edificação,bem como dos riscos materiais e humanos envolvidos. Para edificações residênciais até 20 m de altura o ângulo é de 45 graus, veja como definir o ângulo de proteção, na figura abaixo:
O que é um raio
O fenômeno do raio
Os raios são produzidos por nuvens do tipo “cumulu-nimbus” e se formam por um complexo processo interno de atrito entre partículas carregadas. Á medida que o mecanismo de auto produção de cargas elétricas vai aumentando, dá-se origem a uma onda elétrica que parte da base da nuvem em direção ao solo buscando locais de menor potencial , ficando sujeita a variáveis atmosféricas, tais como pressão, temperatura, etc, definindo assim uma trajetória ramificada e aleatória.       
Essa primeira onda caracteriza o choque líder (chamado de condutor por passos) que define sua posição de queda entre 20 a 100 metros do solo. A partir deste primeiro estágio o primeiro choque do raio deixa um canal ionizado entre a nuvem e o solo que dessa forma permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 20 KA.
Após esse segundo choque violento de cargas passando pelo ar, provoca-se o aquecimento deste meio até 30.000 oC, provocando a expansão do ar (trovão).
Neste processo os elétrons retirados das moléculas de ar, retornam, fazendo com que a energia absorvida pelos mesmos na emissão, seja devolvida sob a forma de luz(relâmpago). Na maioria dos casos este mecanismo se repete diversas vezes no mesmo raio.
O que sabemos na atualidade
Com a nova edição da norma de pára-raios, NBR5419, datada de 2001 a eficiência dos Sistemas de Proteção foi substancialmente aumentada, não deixando nada a desejar em relação a normas de outros países, inclusive pelo fato desta ter tido a norma IEC como referência.
Atualmente existem três métodos de dimensionamento:
1) Método Franklin, porém com limitações em função da altura e do Nível de proteção (ver tabela);
2) Método Gaiola de Faraday;
3) Método da Esfera Rolante, Eletrogeométrico ou Esfera Fictícia.
O método Franklin, devido às suas limitações impostas pela Norma passa a ser cada vez menos usado em edifícios sendo ideal para edificações de pequeno porte.
O método da esfera Rolante é o mais recente dos três acima mencionados e consiste em fazer rolar uma esfera , por toda a edificação. Esta esfera terá um raio definido em função do Nível de Proteção,  Os locais onde a esfera tocar a edificação são os locais mais expostos a descargas. Resumindo  poderemos dizer que os locais onde a esfera toca, o raio também pode tocar , devendo estes serem protegidos por elementos metálicos (captores Franklin ou condutores metálicos).
Elaboração de projeto de qualidade
Tentaremos resumir os passos e cuidados a serem tomados na elaboração de projetos. Daremos inicialmente mais ênfase a prédios pois são as edificações mais complexas de dimensionamento e também as que em geral sofrem maiores danos principalmente no tocante a descargas laterais.
Ao projetar a captação o primeiro passo consiste em distribuir condutores metálicos pela periferia da edificação, com fechamentos de acordo com a tabela anexa distribuindo as descidas também de acordo com a tabela anexa. Deverá ser dada preferência para as quinas da edificação.
O uso de mastros com captores Franklin em prédios altos, visam a proteção localizada de antenas e outras estruturas existentes no topo da edificação, devendo o restante do prédio ser protegido pelos cabos que compõem a malha da Gaiola de Faraday.
As descidas deverão ser distribuídas ao longo do perímetro do prédio, de acordo com o nível de proteção (tab. anexa) com preferência para os cantos. Este espaçamento deverá ser médio e sempre arredondado para cima. Um cuidado deverá ser tomado ao especificar os condutores de descida , pois edificações com altura superior a 20 metros, estão expostas a descargas laterais, assumindo assim também a função de captor (cobre 35mm2 ou alumínio 70mm2 ) . Caso o prédio esteja com a estrutura de concreto executada e o reboco não tenha ainda sido iniciado, os cabos ( de cobre) poderão ser fixados por baixo do reboco, eliminando assim os efeitos estéticos indesejáveis.
Para edificações com a fachada já pronta , os cabos ( descidas e anéis de cintamento ) poderão ser  fixados diretamente sobre o acabamento. Neste caso , poderá ser usada a barra chata de alumínio minimizando substancialmente os efeitos estéticos.
Os anéis de cintamento deverão ser executados a cada 20 metros de altura , contados a partir do solo , até á captação , podendo também serem fixados por baixo do reboco (cobre) ou por cima do acabamento da fachada com cabo de alumínio ou barra chata de alumínio.
Quanto á malha de aterramento, o modo mais prático e seguro, consiste em circundar a edificação com cabo de cobre nu 50mm2 a 50 cm de profundidade, formando um anel fechado, e colocar uma haste de aterramento tipo “Copperweld” de alta camada ( 250μm ) em cada descida, conectada ao anel através de soldas exotérmicas .
A equalização de potenciais, como já foi mencionado, deverá ser executada no nível do solo, e no nível dos anéis de cintamento horizontal.
Instalação genérica em prédio

Instalação genérica em prédio

Tabela de dimensionamento
Tabela de dimensionamento
Nota 1 - O comprimento do módulo da malha de captação da gaiola, deverá ser no máximo igual ao dobro de sua largura de acordo com o nível de proteção.
Nota 2 - Para a escolha do nível de proteção, h é a altura da edificação em relação ao solo. Para verificação da área protegida, h é medido em relação ao plano horizontal a ser protegido.
Tabela de bitolas
Tabela de bitolas
Tabela para seleção do nível de proteção
Nível Proteção I
Edificações de explosivos, Inflamáveis, Indústrias Químicas, Nucleares, Laboratórios bioquímicos, Fábricas de munição e fogos de artifício, Estações de telecomunicações, usinas Elétricas, Indústrias com risco de incêndio, Refinarias, etc.
Nível Proteção II
Edifícios Comerciais, Bancos, Teatros, Museus, Locais arqueológicos, Hospitais, Prisões,  Casas de repouso, Escolas, Igrejas, Áreas esportivas.
Nível Proteção III
Edifícios Residenciais, Indústrias, Casas residenciais, Estabelecimentos agropecuários e Fazendas com estrutura em madeira.
Nível Proteção IV
Galpões de sucata ou conteúdo desprezível, Fazendas e Estab.Agrop. com estrut. em madeira.
Considerações finais
No caso de edificações muito perigosas (inflamáveis, produtos tóxicos, explosivos, etc.) deverá ser consultado um especialista para análise do grau de periculosidade , perigo para a vizinhança ,área de inalação de gases e até onde a ignição poderá ser iniciada. A classificação da tabela acima para indústria na nível III é genérica e deverá ser cuidadosamente observada tendo em vista existirem dentro de grandes indústrias, edificações com diferentes finalidades. Por exemplo: o escritório deve ser nível II, o galpão com inflamáveis deve ser ser nível I e o galpão de sucata pode ser nível IV. Uma visita ao local é necessária para se definir o nível de cada edificação.
fonte: TERMOTÉCNICA IND. COM. LTDA